Violências nas escolas vira pauta de discussão na Uniabeu

Por Anderson Guilherme

No dia 15/08 o campus Belford Roxo sediou uma importante discussão sobre as causas e consequências da violência nas escolas. O Seminário Violência nas Escolas: Enfrentamento em redes reuniu pessoas para discutir o problema e apontar possíveis soluções. O evento foi promovido e organizado em conjunto pelo Conselho Regional de Psicologia – Subsede Baixada Fluminense, Centro de Direitos Humanos de Nova Iguaçu, Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (SEPE), de Nova Iguaçu e Belford Roxo, Fórum Grita Baixada, Pastoral da Educação da Diocese de Nova Iguaçu e a Uniabeu. O encontro reuniu profissionais, sociólogos, psicólogos, estudantes de psicologia e educadores de escolas públicas no auditório II da Instituição e contou como palestrantes o psicólogo Edimilson Lima – coordenador do curso de Psicologia da Uniabeu, a socióloga Júlia Ventura – gestora da Associação Cidade Escola Aprendiz e a pedagoga e professora da rede pública de ensino da Baixada – Leci Carvalho.

Vários agravantes depreciam o sistema público educacional do Brasil. A violência nas escolas é um desses problemas que interrompem o processo ensino-aprendizagem de forma cruel. Um levantamento exclusivo feito pela GloboNews e noticiado em agosto deste ano pelo portal de notícias G1 mostra que uma em cada três escolas municipais do Rio perderam dias de aulas por causa de tiroteios em 2017. Os dados desse levantamento realizado pelo grupo Globo foram obtidos na Secretaria Municipal de Educação do Rio, com base na Leia de Acesso à Informação. De 1537 unidades de ensino, 479 escolas chegaram a fechar e aproximadamente 660 mil estudantes ficaram prejudicados.

Esta realidade reflete uma problemática bem evidente no Rio de Janeiro. Tanto a capital quantos os municípios da Baixada e região metropolitana possuem escolas que são rodeadas por violentas comunidades. A ação do tráfico de drogas e os constantes confrontos com a polícia interferem na educação de muitas crianças e jovens. Quando não são os tiroteios, muitas das vezes os péssimos exemplos dos bandidos influenciam o comportamento de alguns alunos, levando-os, às vezes, a abandonar a escola para viver perigosamente na companhia de traficantes.

Coordenador Edimilson Lima

Além dos tiros e da forte interferência do tráfico e seus confrontos com a polícia, outros fatores ainda mais complexos contribuem para a violência nas escolas. Para Edimilson Lima, que iniciou a discussão, é preciso contextualizar todos os aspectos: “para entender as causas da violência nas escolas é preciso levar em consideração os aspectos internos – ligados ao ambiente escolar – e os aspectos externos como a violência urbana e a violência simbólica. São muitos os fatores que contribuem com a violência na escola e todos devem ser levados em consideração. As instituições de ensino têm dificuldade de colocar isso em sala de aula. Por isso, é importante tratarmos o problema em rede, contando com a ajuda de todas as áreas”, comentou o coordenador, reforçando o envolvimento de todos os setores como solução para o problema.

Esse tratamento em rede mencionado pelo coordenador da Uniabeu motivou a discussão. A criação de políticas públicas que sejam voltadas ao entendimento e tratamento do problema é essencial. A socióloga Júlia Ventura também acredita nesse trabalho que envolve a esfera pública e social, “É preciso criar um grupo de trabalho intersetorial, capaz de ações integradas nas esferas de poder das prefeituras e no governo do Estado e espaços e ambientes institucionalizados onde haja uma gestão compartilhada dessas políticas sociais. Sem metas, objetivos, foco, isso não será possível”, afirmou Júlia. Em conversa com o Fórum Grita Baixada, a socióloga ainda complementou: “É urgente um trabalho de assessoria nessas esferas de poder, para que sejam construídas as deliberações e estabelecer o que precisa ser alcançado. Quando há uma gestão integrada, você cria velocidade de atendimento à população, capacidade de monitorar e avaliar melhor os resultados”.

A pedagoga Leci Carvalho foi a última a palestrar e destacou a realidade das periferias. Para Leci, falta estrutura familiar. Por isso, segundo ela, seria importante criar ações que envolvam diretamente as famílias já que elas também são afetadas, “Os problemas da periferia também são em rede. Não afetam apenas jovens e adolescentes, mas toda a estrutura familiar. A escola não é capaz de calcular esses efeitos ainda. Integrar a família à escola não é fazer com que os pais pintem os muros das escolas, recolham o lixo ao redor ou coisas do tipo. Isso é tarefa do poder público. O trabalho deve ir mais além”, comentou a educadora.

Após uma pequena pausa para o café, três grupos de trabalhos foram formados para discutir o problema e traçar encaminhamentos. Dentre as ideias que surgiram, os grupos apontaram a importância do fortalecimento da rede entre os educadores, propondo a criação de trabalhos científicos que abordem a violência nas escolas. Além disso, a busca por parcerias que fortaleçam a rede também foi colocada.

O Seminário sobre a violência nas escolas faz parte das ações comemorativas do mês do Psicólogo que é comemorado especificamente no dia 27/08.

Fontes: G1 – Portal de Notícias do Grupo Globo
               Fórum Grita Baixada

Fotos: Anderson Guilherme

 

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