Dia Mundial da Água, um convite à reflexão
O Dia Mundial da Água foi criado pela Organização das Nações Unidas em 1993, com a intenção de estabelecer parâmetros e metas sobre o consumo de água no planeta e atentar a população mundial para um fato relevante: a água não é uma fonte inesgotável de recurso natural como se pensa. E este texto vem despertar você, leitor, para as razões por que devemos nos preocupar.
Infelizmente, dados apresentados pela própria ONU demonstram que pouco se avançou sobre o assunto em termos de atendimento a padrões de consumo e a necessidade de redução dos desperdícios, diante de uma demanda mundial cada vez mais crescente.
Por falar em desperdícios, gostaria de aproveitar a data comemorativa para convidar o leitor a responder as perguntas seguintes: De onde você acha que vem a água limpa que sai da sua torneira? E para onde vão a água que escoa pelos ralos e o esgoto que produzimos? Você já parou para pensar nisso?
Bem, se não pensou, vamos refletir: as águas vêm dos rios e dos lençóis freáticos (rios subterrâneos). Esses mesmos rios recebem hoje uma enxurrada de resíduos sem tratamento, decorrentes dos estabelecimentos residenciais, comerciais e industriais. Essas mesmas águas, em sua maioria contaminadas, são as que irrigam plantações, servem para o consumo dos animais de que nos alimentamos e passam por um processo complexo em estações de tratamento, para que estejam próprias para o consumo humano.
Vejam, então, que para que a água chegue limpa a sua torneira, é necessário um árduo trabalho de descontaminação de uma água que, destaca-se, está cada vez mais escassa. Afinal, o desmatamento e a impermeabilização do solo, principalmente com o asfalto e as construções das áreas urbanas, impedem que a água da chuva seja absorvida para alimentar as nascentes e para que aqueles lençóis freáticos sejam abastecidos.
Perceberam que esse ciclo está ameaçado? Que a água limpa é cada vez mais rara? Ainda assim, será que você vai se perguntar “o que eu tenho a ver com isso?” Tudo! Todos somos responsáveis. Por cobrar dos nossos governantes e de grandes geradores de resíduos (condomínios, empresas) um sistema de esgotamento sanitário eficiente, em que os resíduos despejados em rios e mares tenham um prévio tratamento;
Por evitar todo tipo de desperdício em nossas casas e trabalhos;
Por ensinar às novas gerações a importância do uso consciente da água; e
Por cobrar a eficiência na fiscalização dos empreendimentos quanto ao cumprimento da legislação ambiental, que impõe regras rígidas de tratamento dos resíduos.
Ainda não está convencido?
Apelarei para as graves doenças gastro-intestinais que assolam a grande maioria da população brasileira, que é desprovida de acesso a saneamento básico; para as imensas áreas desse país que sofrem secas terríveis e se valem de águas impróprias para a sua sobrevivência; e para alimentos contaminados que nos intoxicam diariamente e são causas de inúmeras doenças.
Feitas essas ponderações, espero que essas modestas palavras sirvam para que você, leitor, reflita sobre a importância de seu protagonismo nesse processo. Nosso bem, maior, a água, merece atenção não só no dia de hoje, mas para todo o sempre.
Artigo: Laura Magalhães é professora da Uniabeu e da UFRJ, advogada e educadora ambiental.