Carente da Baixada, estuda na Abeu, faz medicina e lidera empresa internacional
‘A Abeu foi uma etapa importante, que me deu base’
O presidente do Instituto Ibero-Brasileiro de Relacionamento com o Cliente (IBRC), Alexandre Diogo, pode ser considerado um ponto fora da curva, mas também prova de mesmo na adversidade é possível virar o jogo. O fato é que ele nunca aceitou o rótulo de que ser morador da Baixada Fluminense significa não ter asas para voar. Focado em alcançar dias melhores, Alexandre Diogo se aplicou desde os primeiros anos aos estudos na Abeu Colégios, na década 1980. Em entrevista ao Notícias Uniabeu, ele conta a importância de ter sido aluno da Abeu, revela um momento especial que viveu na apresentação de trabalho com a participação do presidente da instituição, Valdir Vilela; e explica como superou a dificuldade para concluir o curso de medicina. Confira.
Notícias Uniabeu: Qual é o seu envolvimento com a Abeu? Quando começou a estudar na Abeu? Toda a sua formação escolar foi na Abeu? Inclusive o ensino superior?
Alexandre Diogo: Não. Estudei no Abeuzinho de Belford Roxo, fiz o básico: o primeiro ano do segundo grau. Depois, o terceiro ano de Patologia Clínica, no José do Patrocínio, em Nova Iguaçu. Minha formação universitária foi Medicina, na UFRJ.
Notícias Uniabeu: Como conheceu a Abeu? Em que ano começou a sua história escolar com a Abeu?
Alexandre Diogo: A Abeu sempre foi renomada. Eu morava em Coelho da Rocha, São João de Meriti. Era perto. E a minha relação escolar com a Abeu começou no ano de 1986, quando iniciei o primeiro ano básico.
“Voar… ir longe. Isso me marcou profundamente”
Notícias Uniabeu: O que significava morar na Baixada Fluminense?
Alexandre Diogo: Um desafio… Muita criminalidade e baixa perspectiva de futuro.
Notícias Uniabeu: O que motivou a buscar novo horizonte?
Alexandre Diogo: Sempre tive firme o propósito de crescer. A Abeu foi importante para isso, os professores incentivavam isso, e claro minha família também. Há um episódio do professor Valdir Vilela, na apresentação de um trabalho de português, que me marcou. Aconteceu quando meu grupo foi até o Rio de Janeiro, ao teatro da TV Globo, entrevistar o Caetano Veloso. Esse episódio ficou famoso na Abeu. O professor Valdir parabenizou ao grupo e disse que esse deveria ser sempre o propósito: Voar… ir longe. Isso me marcou profundamente.
Notícias Uniabeu: Quando teve a certeza que era esse propósito que desejava de verdade?
Alexandre Diogo: Esse propósito eu sempre tive.
Notícias Uniabeu: Como foi a busca por esse objetivo?
Alexandre Diogo: Difícil… cansativo… Sem dinheiro. Fiz faculdade de medicina, que é integral, trabalhando à noite, muitas vezes sem um tostão para almoçar. Enfim, difícil, mas recompensador.
Notícias Uniabeu: Estar na Abeu foi determinante para a virada na sua vida?
Alexandre Diogo: Importante. Determinante, não digo, mas importante.
“Difícil… cansativo… Sem dinheiro”
Notícias Uniabeu: O que representa a Abeu para o presidente IBRC?
Alexandre Diogo: Uma etapa importante, que me deu base.
Notícias Uniabeu: Dedicação ao estudo e foco são determinantes para se alcançar o objetivo?
Alexandre Diogo: Completamente.
Notícias Uniabeu: É difícil romper os padrões estabelecidos pela sociedade?
Alexandre Diogo: Demais.
Notícias Uniabeu: O que é Instituto Ibero-Brasileiro de Relacionamento com o Cliente?
Alexandre Diogo: É um instituto internacional, com sedes no Brasil e em Portugal, referência em serviços para empresas de médio e grande porte com foco em harmonizar as relações de consumo.
Notícias Uniabeu: O que significa ser presidente dessa organização?
“Crescimento e vitória não chegam para ninguém sem esforço e foco”
Alexandre Diogo: É uma vitória! Como dizia o professor Severino, de História, o “carente da Baixada” preside uma empresa internacional com mais de 300 funcionários.
Notícias Uniabeu: Por que escolheu atuar nesse segmento?
Alexandre Diogo: Na verdade, sou médico de formação, especialista em ginecologia e obstetrícia, mas também sou administrador com MBA em Marketing. Acabei fundando esta empresa há 20 anos, com três funcionários, enxergando oportunidade de mercado, e, principalmente, por conta da minha aptidão para lidar com gente. Relacionamentos é minha grande expertise.
Notícias Uniabeu: A Baixada Fluminense pode ser o ponto de partida para uma vida de sucesso?
Alexandre Diogo: Sim, com certeza. Precisa ser! Se de um lado temos o enorme risco de o jovem da Baixada acreditar na mensagem que “crescer e vencer não são pra ele” afinal, ele é da Baixada e não tem as mesmas chances de quem está na classe média da capital, de outro é preciso transformar esta desvantagem em impulso extra. O jovem que teoricamente tem vantagem parte na frente ou está com melhores condições na capital e, sendo de classe média, média alta ou alta, tem que superar a mensagem de que “sua vitória e crescimento (mesmo manutenção do status já existente) é certa”, afinal ele está em condição de vantagem… Isso também é um risco enorme a ser superado, pois a verdade é que crescimento e vitória não chegam para ninguém sem esforço e foco.
Entrevista: Fernando Fraga
Foto: Divulgação